segunda-feira, 6 de maio de 2013

A volta da família real portuguesa


A volta da família real portuguesa
No dia 26 de Fevereiro de 1821, Dom João VI é acordado com a noticia que tropas estavam se movimentando rumo ao teatro real, três batalhões fortemente armados, que tinham em sua maioria veteranos das lutas em Portugal contra Napoleão. Nesse momento chegava ao Rio de Janeiro os ecos da Revolução que ocorrera no Porto sete meses e dois dias antes. Sem forças até mesmo no Rio de Janeiro, Dom João não tinha outra saída se não Jurar a Constituição e voltar a Portugal.
Para Dom João VI, essa decisão foi muito dolorosa, pois foi no período de residência da Corte do Rio de Janeiro que se desenvolveu o período de maior estabilidade de seu reinado, e além disso, ele tinha desenvolvido uma relação pública, porém intima, com os seus súditos, evidenciada na famosa cerimônia do Beija Mão.
E esses súditos, principalmente os mais humildes, ficaram muito consternados com a possibilidade da volta do Rei a Lisboa, sem contar o fato de que a presença da Corte no Rio de Janeiro propiciou um grande volume de comércio nunca antes visto. Isso fica evidenciado nas centenas de assinaturas nas petições que pediam a permanência de Dom João no Rio de Janeiro, e também nas declarações da Câmara de Comércio e da Assembléia Municipal que tinham o mesmo teor dessas petições.
Todavia, havia um mistura de sentimentos em outros setores da população do Rio de Janeiro nas semanas que antecederam a partida de Dom João, primeiro foi de Revolta, alimentado por boatos que a Coroa estava “pilhando” uma grande quantidade de ouro do Banco do Brasil para ser levado de volta a Lisboa. Além disso, havia uma efervescência política, alimentado pela convocação de um grupo de eleitores para escolher as novas cortes, que se tinha reunido no prédio da Bolsa de Comércio e que acabou sendo dissolvida a bala por Dom Pedro.
O embarque de Dom João VI rumo a Lisboa foi discreto e silêncioso, grande parte da corte embarcou de volta na madrugada de 25 de Abril, só Carlota Joaquina que resolveu enfrentar uma grande multidão de estrangeiros e brasileiros curiosos. A esquadra da volta a Portugal tinha 13 navios e mais de 4 mil cortesãos. A saída de Dom João foi tão inesperada quanto a sua chegada 13 anos antes.
O sentimento que havia dentro do navio era um forte temor,se discutia qual rota de volta à Europa iria ser tomada e se haveria uma nova escala na Bahia, logo descartada devido ao seu risco. Dentre a tripulação, o mais temeroso era Dom João, que apreensivo com a situação em Portugal, tentou fazer um plano de adiamento de sua volta. Entretanto, a idéia que acabou por impor-se foi de sair do Rio de Janeiro e fazer uma parada no meio do caminho, mais precisamente nos Açores, que além de ser necessária para descanço seria também para coletar informações sobre a situação em Portugal, que devido aos ventos, não foi realizada, levando a frota real direto a Portugal.
Depois de anos de espera, Lisboa foi a ultima a saber que a família real estava voltando, a notícia chegou faltando apenas dois dias antes do desembarque de Dom João em Lisboa. Ocorreram preparativos apressados para a recepção da Corte, como um baile que tinha se utilizado de um protocolo real que remontava ao nascimento do Império Português.
O clima em Lisboa, que estava sob o controle de um governo revolucionário de viés constitucionalista, em 4 de Julho de 1821, era contraditório. Estava cheia de flores, porém cheia de soldados em posição de Sentido, nesse momento, pode-se pensar que Dom João deve ter chegado a conclusão que seus antigos poderes tinham sido lhe tirado. Dom João VI, por um instante, poderia ter pensado que Lisboa não tinha mudado com a sua saída, mas logo depois a realidade veio à tona. No mesmo dia , seus antigos conselheiros que estavam com ele praticamente durante toda a sua vida, foram demitidos pelas autoridades revolucionárias de Lisboa, e Dom João gaguejando, jurou a Constituição. Nesse dia, Dom João voltou ao Velho Continente com seus mesmos problemas, porém sem o mesmo poder.

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